Uma breve história de superação!
A princípio,
é importante deixar claro que, vírus, bactérias e fungos (os maiores causadores
de doenças entre os seres humanos) não precisaram ser criados em laboratório,
para ser tornarem altamente letais à espécie humana.
A
maioria das doenças do mundo contemporâneo já existiam desde os primórdios dos
tempos, porém a velocidade de contágio e os ambientes propícios de contaminação
e propagação têm sido ampliados desde a descoberta da agricultura e pecuária no
Neolítico, saindo de uma P.A. para uma P.G., progressivamente aos avanços das
aglomerações humanas.
Podemos
observar que, quanto mais isoladas eram as comunidades, menor eram as
possibilidades doenças se alastrarem. Constata-se assim que, quando uma doença
infectava um grupo de indivíduos, sendo letal para parte dessa comunidade ou
extinguindo-a completamente, dificilmente infectava-se outros povoados.
Crânio
humano asiático da Idade do Bronze (entre 3.300 a.C. e 700 a.C.) da cultura
Yamnaya, que apresentava a bactéria 'Y. pestis', causadora da peste negra
Rasmussen et al./Cell 2015/Divulgação – in: https://veja.abril.com.br/ciencia/peste-ataca-humanos-desde-a-pre-historia-diz-estudo/
Na
medida em que povoados alçaram a complexidade de cidades, a estocagem de grãos
e cereais atraíram roedores, já com o desenvolvimento da pecuária, os rebanhos de
suínos, bovinos e ovinos aproximaram humanos de outros animais, tornando
possível que as doenças de outros animais se adaptassem e contaminassem grupos
humanos.
Durante
a Antiguidade Egito, Mesopotâmia, Hebreus, China (…) desenvolveram sistemas de
saúde para conter a pior ameaça de seus impérios teocráticos, ou seja, as
doenças que infestavam vilas inteiras.
O Papiro Ebers é um dos tratados médicos mais
antigos e importantes que se conhece. Foi escrito no Antigo Egito e é datado de
aproximadamente 1550 a.C.
A vida em sociedade é uma marca de nossa
sobrevivência no planeta, não podemos anular a necessidade que temos de “viver
em rebanho” por isso as doenças que infectavam grupos inteiros tornaram-se problemas
racionais para Greco-romanos (antiguidade Clássica), assim a sistematização dos
estudos medicinais transcendeu a fé e deu um salto qualitativo nas polis.
Veja o que já se investigava na Grécia:
“foi
em Hipócrates (460 a.C) que os conceitos de saúde e doença na Grécia tomaram um
teor científico. Considerado o pai da Medicina, substituiu a mitologia, baseada
na cura pelo poder dos deuses pela observação clínica de seus pacientes. Foi
idealizador de um modelo ético e humanista da prática médica. Criou métodos de diagnóstico,
baseados na inquirição e no raciocínio. As obras éticas e o juramento do
médico, usados até hoje, fazem parte do chamado Corpo Hipocrático (Corpus
Hippocraticum). Dentre suas obras mais famosas, destacam-se: Sobre as Epidemias (descreve doenças
como pneumonia, tuberculose e malária); Sobre
Ares, Águas e Lugares (tratado sobre saúde pública e geografia médica); Sobre a Dieta (alerta para a
importância de uma dieta equilibrada e saudável) e Aforismos”
Miranda, Jair Junio. SAÚDE E DOENÇA NA
ANTIGUIDADE: A INFLUÊNCIA DO CONCEITO GRECO-ROMANO SOBRE O JUDAÍSMO BÍBLICO E O
NOVO TESTAMENTO
Já
na Idade Média, os eventos históricos nos levam a conhecer a Peste Negra, que
sem dúvida é a mais conhecida Pandemia a História.
A
peste negra teve relação direta com os eventos mercantis da época, afinal o
crescimento do fluxo de mercadorias e pessoas da Europa para a Ásia acabou por
disseminar uma doença endêmica do extremo Oriente.
Matando
1/3 da população europeia, essa doença também se tornou famosa no imaginário
das Américas, local da expansão europeia.
Já
nos séculos XVIII e XIX (entre os anos 1701 a 1900), a tuberculose foi
responsável pela morte de aproximadamente 1 bilhão de seres humanos. Antes da
descoberta do bacilo de Koch, a taxa anual média de mortalidade era de 7
milhões de pessoas. No Brasil e no mundo, outras doenças também se destacaram
como as doenças letais:
CÓLERA
Centenas de milhares de mortos – 1817 a 1824
·
História
– Conhecida desde a Antiguidade, teve sua primeira epidemia global em 1817.
Desde então, o vibrião colérico (Vibrio cholerae) sofreu diversas mutações,
causando novos ciclos epidêmicos de tempos em tempos
·
Contaminação
– Por meio de água ou alimentos contaminados
·
Sintomas
– A bactéria se multiplica no intestino e elimina uma toxina que provoca
diarréia intensa
·
Tratamento
– À base de antibióticos. A vacina disponível é de baixa eficácia (50% de
imunização)
VARÍOLA - 300 milhões de mortos –
1896 a 1980
·
História
– A doença atormentou a humanidade por mais de 3 000 anos. Até figurões como o
faraó egípcio Ramsés II, a rainha Maria II da Inglaterra e o rei Luís XV da
França tiveram a temida “bixiga”. A vacina foi descoberta em 1796
·
Contaminação
– O Orthopoxvírus variolae era transmitido de pessoa para pessoa, geralmente
por meio das vias respiratórias
·
Sintomas
– Febre, seguida de erupções na garganta, na boca e no rosto. Posteriormente,
pústulas que podiam deixar cicatrizes no corpo
·
Tratamento
– Erradicada do planeta desde 1980, após campanha de vacinação em massa
Percebe-se que, durante
o século XIX, já temos um mudo revolucionado pela indústria e pelos princípios
liberais da Revolução Francesa, daí o dinamismo econômico também se refletiu no
dinamismo epidemiológicos. Além do fluxo de mercadorias e pessoas de maneira
global, as péssimas condições de vida das classes trabalhadoras são indicadores
aterrorizantes de uma mortandade até então nunca vista.
Os mundos econômicos ficaram
cada vez mais distantes e os pobres tornaram-se a maior vítima das doenças de
massas. Contudo os trabalhadores eram fundamentais para a economia, logo os
governos e setores privados necessitavam superar tais problemas, concomitante
aos avanços na biomedicina inaugurando assim a era das vacinas, porém, mesmo
com o avanço das tecnologias, no início do século XX, não se conseguiu impedir
a pandemia mais letal da história contemporânea: A Gripe Espanhola
A gripe espanhola –
como ficou conhecida devido ao grande número de mortos na Espanha – apareceu em
duas ondas diferentes durante 1918, uma em fevereiro, bastante contagiosa, porém
causando apenas três dias de febre e mal-estar. Já na segunda, em agosto,
tornou-se mortal. Enquanto a primeira onda de gripe atingiu especialmente os
Estados Unidos e a Europa, a segunda devastou o mundo inteiro: também caíram
doentes as populações da Índia, Sudeste Asiático, Japão, China e Américas
Central e do Sul.
No Brasil, estima-se
que entre outubro e dezembro de 1918, período oficialmente reconhecido como
pandêmico, 65% da população adoeceu. Só no Rio de Janeiro, foram registradas aproximadamente
14.348 mortes. Em São Paulo, outras 2.000
pessoas morreram.
Os números de mortos em
todo o mundo durante a pandemia de gripe em 1918-1919 variam entre 20 e 40
milhões. Para se ter uma ideia nem a Primeira Guerra Mundial matou tanto, pois
cerca de 9 milhões e 200 mil pessoas morreram nos campos de batalha da Primeira
Grande Guerra (1914-1918).
Chegando em nossos dias, os surtos consecutivos
de H1N1, assolando o mundo desde a
década de 1990 seguindo aos anos 2000... Os mais recentes foram: Gripe
aviária (auge em 2003) e a Gripe suína
(auge em 2009). O influenza espanta pela velocidade de contágio, no caso da
Gripe Espanhola, por exemplo, para cada 1000 infectados 25 foram a óbito. Outras
doenças são mais letais, como a raiva que mata 90% dos infectados porém a forma
de contaminação depende da mordida de um animal doente e isso faz da
transmissão algo muito lento, já no caso da H1N1, a letalidade é baixa, mas por
contaminar milhões de pessoas rapidamente, a percentagem de letalidade sobe e
em números consegue superar as demais doenças.
No final do ano de 2019
uma nova ameaça teve início. Originada na China, na cidade de Huam, proveniente
de um mercado de animais silvestres, o surto espalhou-se pela cidade, logo
tomou toda a China. Essa nova ameaça é uma variante
da Gripe, porém causada por um vírus diferente do Influenza, esse é o Coronavírus – Covid-19 - (uma grande
família viral que causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais),
que já havia infectado e posto em alerta diversas
partes do mundo, em especial os grandes blocos econômicos.
Algumas variações do
vírus Covid-19 causaram síndromes respiratórias graves, como a síndrome
respiratória aguda grave que ficou conhecida pela sigla SARS da síndrome em inglês “Severe
Acute Respiratory Syndrome”. SARS é causada pelo coronavírus associado à SARS
(SARS-CoV), sendo os primeiros relatos na China em 2002. O SARS-CoV se
disseminou rapidamente para mais de doze países na América do Norte, América do
Sul, Europa e Ásia, infectando mais de 8.000 pessoas e causando aproximadamente
800 mortes.
Em 2012, foi isolado
outro novo coronavírus, distinto daquele que causou a SARS. Esse novo vírus, inicialmente
na Arábia Saudita e, posteriormente, em outros países do Oriente Médio, na
Europa e na África. Todos os casos identificados fora da Península Arábica
tinham histórico de viagem ou contato recente com viajantes procedentes de
países do Oriente Médio – Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes e Jordânia,
por isso, devido à localização dos casos, a doença passou a ser designada como
síndrome respiratória do Oriente Médio, cuja sigla é MERS, do inglês “Middle East Respiratory Syndrome” e o novo
vírus nomeado coronavírus associado à MERS (MERS-CoV).
Já no inicio de 2020 o
novo Coronavírus (Covid19), tomou dimensões de Pandemia. Espalhando pela Ásia,
Europa, América do Norte e América do Sul. O contágio tem sido rápido e os
óbitos na Itália chegou ao assustador número de 3.405 em menos de 04 meses. Uma
força tarefa dos maiores laboratórios do mundo vem trabalhando para descobrir
uma vacina, enquanto medidas sensatas de quarentena buscam isolar ao máximo as
pessoas para dificultar o contágio. Em todos continentes a economia liberal está
reajustando-se com quedas de bolsa de valores, queda de juros, trabalhadores em
casa, escolas fechadas, comércio paralisado, cidades isoladas, e etc.
Nessa
atmosfera de guerra ou mundo apocalítico, a conscientização, a solidariedade, a
necessidade de um Estado voltado para o bem-estar da sociedade e novos arranjos
de trabalhos on-line (o mundo virtual como nova alternativa) desnudam antigos e
novos parâmetros. A mortandade parece ser crescente, e nesses tempos de
incertezas a esperança no próprio ser humano é o que pode nos resgatar e
mostrar caminhos melhores a serem seguidos.
A História continua...
Excelente perspectiva em momentos de tanta incerteza.
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