Clio é a musa da história e da criatividade, aquela que divulga e celebra as realizações. É madrinha das relações políticas tanto entre homens quanto entre nações traz na mão direita uma trombeta e, na esquerda, um livro. Já o 21 refere-se ao nosso século, como um referencial temporal.

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

07 de Setembro, foi ou não foi?

 

A imagem de d. Pedro I levantando a espadanas margens do Ipiranga é uma das representações mais populares da história do Brasil.

Há muitas décadas ela figura em livros didáticos e ilustra páginas de revistas e jornais por ocasião das comemorações da Independência. Diante delatemos a impressão de sermos testemunhas do evento histórico, aceito naturalmente como o “marco zero” da fundação da nação. No entanto, essa imagem é fruto da imaginação de um artista que nem mesmo tinha nascido quando o episódio ocorreu. Historiadores têm demonstrado que foram necessárias muitas décadas para que o hoje famoso episódio do “Grito do Ipiranga” adquirisse status que ele possui no contexto das narrativas sobre a Independência. Como demonstra a pesquisadora Cecília Helena Salles de Oliveira em seu estudo sobre o tema, a data de 7 de setembro não foi considerada, de início, particularmente relevante como marco simbólico da formação da nação, nem pela imprensa, nem pelo próprio d. Pedro. Em carta dirigida aos paulistas, no dia seguinte ao episódio ocorrido às margens do Ipiranga, o príncipe fala da necessidade urgente de retornar ao Rio de Janeiro em função das notícias recebidas de Portugal. Na longa carta, não há qualquer referência ao “grito”. a Independência do Brasil não estava inteiramente consumada. Dependia também de negociações políticas. Também em carta dirigida ao seu pai a 22 de setembro, d. Pedro não faz referência ao evento. Da mesma forma, os jornais de época, que ensaiaram as primeiras narrativas sobre a Independência do Brasil, não traziam qualquer menção à data de 7 de setembro. O Correio Braziliense, por exemplo, publicou uma notícia declarando a data de 1º de agosto como marco da emancipação. Era a data em que o príncipe enviou o Manifesto às Províncias do Brasil, no qual se desobrigava de obedecer a ordens das Cortes de Lisboa. O redator do jornal Regulador Brasileiro, por sua vez, apontaria a data de 12 de outubro, na qual ocorreu a aclamação de d. Pedro I como Imperador do Brasil, como o verdadeiro marco da criação da jovem nação. Outras datas, como o 9 de janeiro, dia do “Fico”, em que d. Pedro I recusou-se a embarcar para Portugal desobedecendo as ordens dadas pelas Cortes de Lisboa, ou a de 1º de dezembro, data da coroação, foram mencionadas, mas nunca o 7 de setembro.

Compartilhe:

0 comentários:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Clio21. Tecnologia do Blogger.

Categories

Publicações Recentes