Questão 1
Desgraçado progresso que escamoteia as tradições
saudáveis e repousantes. O 'café' de antigamente era uma pausa revigorante na
alucinação da vida cotidiana. Alguém dirá que nem tudo era paz nos cafés de
antanho, que havia muita briga e confusão neles. E daí? Não será por isso que
lamento seu desaparecimento do Rio de Janeiro. Hoje, se houver desaforo, a
gente o engole calado e humilhado. Já não se pode nem brigar. Não há clima nem
espaço.
ALENCAR, E. Os cafés do Rio.
In: GOMES, D. Antigos cafés do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Kosmos,
1989 (adaptado).
O autor lamenta o desaparecimento dos antigos cafés pelo fato de estarem
relacionados com:
(A) a economia da República Velha, baseada
essencialmente no cultivo do café.
(B) o ócio ("pausa revigorante")
associado ao escravismo que mantinha a lavoura cafeeira.
(C) a especulação imobiliária, que diminuiu o
espaço disponível para esse tipo de estabelecimento.
(D) a aceleração da vida moderna, que tornou
incompatíveis com o cotidiano tanto o hábito de "jogar conversa fora"
quanto as brigas.
(E) o aumento da violência urbana, já que as
brigas, cada vez mais frequentes, levaram os cidadãos a abandonarem os cafés do
Rio de Janeiro.
Questão 2
Formou-se na América tropical uma sociedade
agrária na estrutura, escravocrata na técnica de exploração econômica, híbrida
de índio – e mais tarde de negro – na composição. Sociedade que se
desenvolveria defendida menos pela consciência de raça, do que pelo
exclusivismo religioso desdobrado em sistema de profilaxia social e política.
Menos pela ação oficial do que pelo braço e pela espada do particular. Mas tudo
isso subordinado ao espírito político e de realismo econômico e jurídico que
aqui, como em Portugal, foi desde o primeiro século elemento decisivo de
formação nacional; sendo que entre nós através das grandes famílias
proprietárias e autônomas; senhores de engenho com altar e capelão dentro de
casa e índios de arco e flecha ou negros armados de arcabuzes às suas ordens.
FREYRE, G. Casa-Grande e
Senzala. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984.
De acordo com a abordagem de Gilberto Freyre sobre a formação da sociedade
brasileira, é correto afirmar que
(A) a colonização na América tropical era obra, sobretudo, da iniciativa
particular.
(B) o caráter da colonização portuguesa no
Brasil era exclusivamente mercantil.
(C) a constituição da população brasileira
esteve isenta de mestiçagem racial e cultural.
(D) a Metrópole ditava as regras e governava as
terras brasileiras com punhos de ferro.
(E) os engenhos constituíam um sistema econômico
e político, mas sem implicações sociais.
Questão 3
O príncipe, portanto, não deve se incomodar com
a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato,
com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por
muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe,
São Paulo: Martin Claret, 2009.
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a Monarquia e a função do governante.
A manutenção da ordem social, segundo esse
autor, baseava-se na
a) inércia do julgamento de
crimes polêmicos.
b) bondade em relação ao comportamento dos
mercenários.
c) compaixão quanto à condenação de
transgressões religiosas.
d) neutralidade diante da condenação dos servos.
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral
do príncipe.
Questão 4
A língua de que usam, por toda a costa, carece
de três letras; convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna
de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e dessa maneira vivem
desordenadamente, sem terem além disto conta, nem peso, nem medida.
GÂNDAVO, P. M. A primeira história do Brasil:
história da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Rio
de Janeiro: Zahar, 2004 (Adaptado).
A observação do cronista português Pero de Magalhães de Gândavo, em 1576, sobre
a ausência das letras F, L e R na língua mencionada, demonstra a:
a) simplicidade da organização social das tribos brasileiras.
b) dominação portuguesa imposta aos índios
no início da colonização.
c) superioridade da sociedade europeia em
relação à sociedade indígena.
d) incompreensão dos valores socioculturais
indígenas pelos portugueses.
e) dificuldade apresentada pelos
portugueses no aprendizado da língua nativa.
Questão 5
Ser ou não ser – eis a questão.
Morrer – dormir – Dormir! Talvez sonhar. Aí está
o obstáculo!
Os sonhos que hão de vir no sono da morte
Quando tivermos escapado ao tumulto vital
Nos obrigam a hesitar: e é essa a reflexão
Que dá à desventura uma vida tão longa.
SHAKESPEARE, W. Hamlet. Porto Alegre: L&PM, 2007.
Este solilóquio pode ser considerado um precursor do existencialismo ao enfatizar a tensão entre
a) consciência de si e angústia humana.
b) inevitabilidade do destino e incerteza moral.
c) tragicidade da personagem e ordem do mundo.
d) racionalidade argumentativa e loucura
iminente.
e) dependência paterna e impossibilidade de
ação
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