Clio21: Bloco de Exercícios sobre Era Vargas - parte I: REVOLUÇÃO DE 1930/GOVERNO VARGAS PROVISÓRIO(1930-1934) 01) Leia esta mensagem de Santos Dumont aos paulistas: "São Paulo, ...
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
domingo, 18 de novembro de 2012
Segunda Guerra Mundial chegou ao Brasil!
A Guerra vem ao Brasil.
A Guerra vem ao Brasil: Memórias de Ex-combantes – Ilhéus (1939 -1945).Claudney Silva dos Santos - cap.02. - UESC. 2008.
Os grandes conflitos 1914-1918 e 1939-1945 marcaram o inicio do século XX.
Este século para Hobsbawm como foi à era dos extremos, onde: “A democracia só
se salvou porque, para enfrentá-lo, houve uma aliança temporária e bizarra
entre capitalismo e comunismo” (HOBSBAWM, 1995.). Neste contexto o universo
político-ideológico, no Brasil, à época da Guerra de 1939, estava sob influências
das doutrinas autoritárias:
“Enquanto a economia balançava
as instituições da democracia liberal praticamente desapareceu entre 1917 e
1942; restaram apenas uma borda da Europa e partes da América do Norte e da
Austrália, enquanto isso avançava o fascismo e seu corolário de movimentos e
regimes autoritários” (HOBSBAWM, 1995).
A Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) foi então
o ápice de um processo histórico complexo, onde as disputas imperialistas mal
resolvidas na “Primeira Guerra”; a crise do capitalismo e a consolidação do
socialismo na Rússia fizeram tremer todas as potências do planeta, tornando
este fenômeno numa guerra de proporções globais. Os efeitos deste conflito
bélico fizeram-se presentes nos acordos políticos internacionais, afetando
diversos paises, entre estes o Brasil, único pais da América do Sul a enviar um
contingente ao front e cuja participação
no acontecimento envolveu projetos político-econômico-militares que mobilizaram
todo o território costeiro, ainda no período beligerante.
Oficialmente o Estado Novo fundamentou-se nas agressões aos navios
brasileiros, (mercantes e de guerra), em águas nacionais para declarar guerra
aos países do Eixo, devido à pressão feita pela mobilização popular. Esta media
ampliou a política centralizadora do Estado Novo, fortalecendo o sistema
administrativo de intervenções, não apenas no âmbito estadual como nos governos
municipais. Desta maneira, todas as cidades brasileiras estiveram sob a rígida supervisão
do exercito e nesta conjuntura a cidade de Ilhéus entrou no mapa das regiões
estratégicas de defesa do litoral o que lhe permitiu ser sede do 3º Batalhão de
Vigilância do Estado da Bahia.
No Estado da Bahia, até 1941, os acontecimentos limitavam-se aos letrados,
pois o predomínio absoluto da sociedade rural sobre a urbana era de 88% e o
elevado número de analfabetos (92%) limitava o interesse sobre o assunto. Assim
eram os “estrategistas de esquina” [1] quem
difundiam o assunto estampado nos jornais (SAMPAIO, 1993: 86).
Não foi somente o afundamento dos navios brasileiros o fator responsável
pelo fim da política de “eqüidistância pragmática” [2] adotada
por Vargas (MOURA, 1993: 28). É de grande importância compreender que os
Estados Unidos exerciam fortes imposições, sobre as nações latinas, fator que adquire
relevância para compreender sua influência sobre as decisões do governo Vargas:
pressionado internamente e externamente.
O Estado Novo, segundo Maria Aparecida de Aquino, estava pressionado a
participar da guerra, uma vez que os Estados Unidos tinham planos de utilizar o
norte e nordeste do nosso território. Esta obstinação do governo
norte-americano seria, segundo a autora, efetuada de qualquer maneira.
O Exercito Brasileiro, em sua lógica
própria, estava ao lado das ideologias militar alemã (Eurico Gaspar Dutra –
ministro da Guerra – e o General Góis Monteiro), em contraponto estava o
ministro das relações exteriores Oswaldo Aranha era a favor dos Aliados (em
especial aos Estados Unidos). Este quadro é interessante, pois é parte
fundamental compreendermos como o Estado Novo, foi atingido por esta avalanche
de interesses internacionais. Neste tocante o próprio governo estava
ideologicamente fragmentado.
Mesmo com uma política inspirada nas
ideologias fascistas, foi o interesse pela posição estratégica do Brasil, tanto
economicamente (em relação à geopolítica na América do Sul), quanto
militarmente (no que tange a localização no Atlântico Sul), que levou o Brasil
a ser alvo de uma pretensa participação efetiva no conflito. Esta situação é importante
para a compreensão dos motivos que levou o governo a mobilizar pessoas de
diferentes lugares, credos, ideologias na organização da FEB.
“Ao que tudo indica, as
preocupações norte-americanas em relação ao Brasil (e, de maneira geral, no que
diz respeito à América Latina) se encerram em janeiro de 1942, quando ocorreu,
no Rio de Janeiro, uma Conferência que reunia chanceleres de 21 repúblicas
Americanas. Era uma reação ao ataque efetuado em dezembro de 1941, pelo Japão
aos Estados Unidos e que motivara a sua entrada na guerra […] Recomendou a
mobilização econômica em escala possível, de maneira a garantir um fornecimento
adequado de matérias-primas básicas de estratégicas para as necessidades civis
e militares […] Foram os seguintes países participantes da Conferência do Rio
de Janeiro: Costa Rica, Cuba, República Dominicana, Honduras, El Salvador,
Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Panamá, Venezuela, Equador,
Guatemala, México, Estados Unidos, Peru, Haiti, Nicarágua e Brasil.” (AQUINO.
In: COGGIOLA, 1995: 181-2)
Toda a América Latina estava envolvida
com os esforços de guerra, após Pearl Habor. O abastecimento de matéria-prima
começou a afluir para as indústrias bélicas norte americano: cobre do México,
Peru e Chile; cristais de rocha, mica e manganês do Brasil; borracha do Brasil
e América Central; petróleo da Venezuela, México e Venezuela; caóba do Brasil e
América Central; antimônio e tungstênio do México e Bolívia.
A Bahia, com os afundamentos dos
navios em sua costa foi um dos estados da federação que participava mais
ativamente levantando o estandarte da participação do Brasil na guerra.
Consuelo Novais Sampaio, em seu artigo: A Bahia na Segunda Guerra Mundial faz uma importante observação da
participação estudantil, em Salvador, a favor da entrada no Brasil na guerra ao
lado dos Aliados. Estes estudantes, segundo a autora, tinham orientações
comunistas – sob a clandestinidade imposta pela ditadura Vargas – este
movimento contra o fascismo e nazismo redeu frutos como: a Comissão Central
Estudantil pela Defesa Nacional e Pró-Aliados, da Faculdade de Direito de
Salvador, em 2 de maio de 1942. As manifestações espalharam-se da capital
baiana para interior da Bahia, onde comissões de estudantes levantavam a lema
de defesa a democracia e de repúdio aos regimes totalitários e à
“Quinta-Colunistas” [3]
“As manifestações não se
restringiram à Capital. Em Grupos – as famosas ‘embaixadas’ – os estudantes já
haviam percorrido várias cidades do interior, promovendo palestras e
conclamando o povo a unir-se contra o inimigo comum. Em Vitória da conquista,
por exemplo, fizeram ‘um imponente’ comício, marcado por ‘intensa vibração
popular’. À noite, no cine local, organizaram a hora da arte, na qual se fez o
elogio à democracia e condenou o nazi-fascismo. Mobilização semelhante teve
lugar nas cidades de Itabuna e Ilhéus, liderada pela ‘Embaixada Landulfo Alves’
[...]” (SAMPAIO, 1995: 90.)
No
Estado da Bahia, maior litoral do Brasil, o sentimento de indignação aumentou
após o torpedeamento de cincos navios. O Itagibá e o Arara, ao sul do Morro de
São Paulo, o Baependi, Araraguaquará e o Aníbal Benévolo, na foz do rio Real.
(Figura 01 - Diária da Tarde, nº 4396,
18/08/1942)
O Departamento de Imprensa e Propaganda – DIP – divulgou 550 mortos. Nem
mesmo o governo, através de seus dispositivos de censura não pode esconder os
fatos: navios sendo torpedeados, pessoas morrendo e os destroços desta carnificina
chegando às praias. Como aponta Luis Henrique Dias Tavares, o governo até 1942
parecia estar em apoio ao Eixo:
“sob a rigorosa censura
do Departamento de Impressa e Propaganda (DIP), jornais, revistas e jornais
cinematográficos informavam a guerra na Europa manipulando as notícias para
sugerir sucesso da Alemanha e da Itália e derrotas dos países de formação
democrática. Essa prática se acentuou após a invasão da União Soviética pelo
exercito da Alemanha nazista”. (TAVARES, 2001).
Este quadro de manipulação das noticias não resistiria às pressões
populares e as pressões externas imposta pelos Estados Unidos da América. A 18
de agosto de 1942 o governo ditatorial não conseguiu esconder os torpedeamentos
aos cinco navios supracitados. O DIP os noticiou quando dezenas de cadáveres,
feridos e destroços chegaram às praias. Tornava-se visível às contradições do
Governo Federal.
Tornar-se de suma importância
perceber que antes da guerra a Alemanha tentou superar os Estados Unidos e a
Inglaterra no comércio com o Brasil (1934 – 1936). Segundo Luis Henrique Dias
Tavares “grandes compra de café foram pagas pela Alemanha com o fornecimento de
material bélico” (TAVARES, 2001). O flerte com as ideologias autoritárias foi
marcante durante todo o Estado Novo, porém com o inicio da guerra o Brasil
entrou no “jogo estratégico” das grandes potencias. Tanto para aliados quanto
para os países do Eixo o Brasil era uma fonte de suprimentos logísticos
indispensável nas estratégias beligerantes e em especial para os EUA, o Brasil representava
um ponto estratégico no Atlântico Sul.
O litoral nordestino apresentava-se como a “esquina do mundo” [4]
importante encruzilhada de rotas mundiais.
Desta forma, foi concebida a importância
de militarizar o Nordeste Brasileiro e impor Interventores mais rígidos e “fieis
as causas militares” [5]
(CARVALHO, 2005), neste processo o Exército estava saindo de uma fase
conturbada em sua instituição e entrando em cena como ator político decisivo
nas decisões da pátria. Desta maneira a militarização do Nordeste ganhou o aval
do povo, devido à comoção pelos acontecidos. Um fato marcante tanto na capital
quanto no interior.
“Os ânimos haviam-se exacerbado. Quando a noticia dos
afundamentos chegou a Cachoeira de São Felix, houve violenta manifestação antinazista
com a invasão e depredação do Clube Alemão local. Em Ilhéus, a indignação foi
maior, pois o Aníbal Benévolo fazia a linha Ilhéus-Salvador-Aracaju. Foram
presos 35 ‘súditos do Eixo’ e integralistas. O comercio fechou suas portas.
‘ouviram-se brados de guerra aos totalitários, a quinta colunas e a integralista’.
Vários oradores como Demóstenes Berbert de Castro, Heitor Dias e Mario Alves,
dirigiram-se ao povo exaltado, conclamando-o à luta…” (SAMPAIO, 1995, p 93).
Figura 02 - Imagem do Cargueiro
Aníbal Benévolo[6]
Em
Ilhéus a notícia do afundamento do cargueiro a vapor, Aníbal Benévolo, no dia
16 de agosto de 1942, simbolizou um prejuízo de CR$ 1.707.962,20, em
mercadorias, e um saldo de 36 vitimas (10
tripulantes e 26 passageiros). Este afundamento influenciou o imaginário da
população a respeito da vulnerabilidade da principal cidade da região
cacaueira, área de convergência entre as demais cidades monocultoras, na época,
por causa do escoamento da produção, que embarcava no Porto da Baia do Pontal,
em direção ao Porto de Salvador, de onde era exportada para outros países, situação
que foi alterada a partir da “primeira exportação direta para o exterior,
efetuada por navios estrangeiros, que aconteceu em 1926, pelo cargueiro Falco
da Suécia, de 3.000 toneladas”, (SILVA CAMPOS, 1981: 396).
A atividade portuária movimentava centenas
de trabalhadores e suas famílias (arrumadores, estivadores, portuários,
comerciantes, carroceiros...). Estas pessoas tiveram seu cotidiano alterado
devido à suspensão de desembarques no Porto de Ilhéus. Enquanto isso o
escoamento da produção agrícola era incerta, o que causava tensão entre as
elites regionais.
“A crise resultante da
suspensão de vapores [...] Segundo consta os estoques de farinha de trigo,
existente na praça estão se esgotando rapidamente é de duvidar que dentro de
poucos dias, caso não haja transporte, a cidade fique sem pão. [...] Assucar
racionado! Um dos gêneros de primeira necessidade a sofrer mais rigoroso é o
assucar. Há dias vários armazéns e tavernas da cidade puzeram em prática o
sistema de vender 250g a cada pessoa [...] Outro produto que esta escasseando é
o xarque, pois os suprimentos vão diminuindo assustadoramente em todo o
comercio. [...] Querozene... só 500 réis. Litros, garrafas ou meia garrafa de
querozene foi um dia... Agora quem
quizer adquirir seu gás para iluminação já sabe: é 500 reis, no duro.” (Diário
da Tarde, nº 4321, 24/08/1942)
(Figura 03 - Diário da Tarde, 18/07/1942,
p.3)
De
acordo com os acontecimentos, o governo federal, já pressionado por forças internas (manifestações
populares) e externas (exigências dos EUA), foi publicado no dia 08 de outubro
de 1942, o Decreto n° 4795, ratificada pelo Boletim da 6ª Região Militar, nº
231 de 14 de outubro de 1942 a criação da tática e emprego do I, II e III
Batalhão de Vigilância do Litoral. Subordinados ao 18° Regimento de Infantaria,
com sede em Salvador.
Segundo Ivo Lourenço, foi devido ao
Estado de Guerra[7] e a
necessidade de proteger o litoral sul da Bahia, seguindo as orientações do
Estado Maior do Exercito, os batalhões deveriam ser formados, receber seus
matérias e equipamentos básicos e se deslocar para suas áreas. O III Batalhão
de Vigilância teve sua sede na cidade de Ilhéus e seu contingente foi convocado
entre os residentes na região.
As fragilidades do Exército, enquanto
uma instituição coesa tinha acabado, emergido como ator político no golpe de
1930. Segundo José Murilo de Carvalho: “ao chegar ao governo em 1930, no vácuo deixado
aberto pela crise oligárquica, Vargas incentivou a transformação das Forças
Armadas em ator político” (CARVALHO, 2005: 102). O Exército estava recém saído
de uma fissura: Os Movimentos Tenentistas! Assim a cooptação de ideais
tenentistas foi decisiva para o nascimento de uma força armada com idéias de
protetores da pátria.
Sob a inspiração de salvadores da pátria que o Exército entrou em cena, ao
lado do líder civil, Getúlio Dorneles Vargas em 1930. E, em 1932, na Revolta
Constitucionalista, em São Paulo o Exército pode mostrar força e coesão para
sufocar as ações divergentes dentro da instituição. Era Vargas e os militares
contra o corolário de antigos coronéis.
As Forças Armadas organizaram-se como instituição como uma força
centrifuga, cuja centralização e hierarquização eram a palavra de ordem do
momento. Em ilhéus a movimentação política também era intensa; a centralização
do poder e demonstração de força do Exército também marcaram a política
municipal de ilhéus.
“O Prefeito de Ilhéus: Durval Olivieri. (genro do Cel.
Pessoa), foi deposto pelo Tenente José Anselmo que assumiu como Interventor,
‘foi manobrado por políticos locais’ (...). Comandando o Tiro de Guerra 500,
tomou conta da cidade, prendendo até Mario Pessoa e Durval Olivieri, agindo
nesta prisão com Josué e José de Abreu, primos de Mario. Mário Pessoa era
partidário de Júlio Prestes! (…). A perseguição aos coronéis da região, chefes
políticos como: Henrique Alves, Basílio, Badaró, foi intensa a partir dos anos
de 1930”. (SÁ BARRETO, 1988: 43.).
Nos anos subjacentes, em especial de 1937-1945, o Exercito alcançou sua
maior afinidade como ator político, saindo dos bastidores, deixando a alcunha
de “guarda pretoriana”, que servia apenas para proteger o poder de líderes,
muitas vezes alheios aos interesses militares, segundo José Murilo de Carvalho.
O Estado Novo possibilitou expurgação da política nos quartéis, além do emprego
das praças como restauradores da ordem que iria levar o Brasil ao progresso.
Em 1937, Oliveira Viana, ministro da
justiça do governo Vargas durante o Estado Novo, justifica a necessidade de um
Estado forte para compensar a fragilidade da burguesia brasileira. Neste
contexto o Estado trazia o povo para a política (CAPELATO, 2003), e neste
contexto, pela primeira vez na história do Brasil a população estava envolvida
por assuntos dantes exclusivos dos bem nascidos. Esta participação era no sentido
de expectadores, segundo Maria Helena Capelato (in: FERREIRA, e DELGADO, 2003).
Capelato aponta que o Estado Novo foi fruto de um golpe apoiado por
militares e pelas forças conservadoras da sociedade. Não foi originado de uma
mobilização popular e pelo contrário, foi um processo de cooptação de lideres
sindical, a supressão dos direitos individuais e da centralização total do
poder nas mãos do presidente, como o grande pai da nação, inaugurando a
política de massas, onde o povo entrava em cena sob rígido controle do Estado,
o que justifica a denominação deste período ditatorial como Novo.
Com inspirações nazi-fascistas, a
Voz do Brasil, programa de rádio transmitido, às dezenove horas, levava o
presidente para dentro das casas, para as ruas… E o Exercito também cooptado
pelo sistema, era símbolo de patriotismo: era o pleno serviço de amor a pátria.
“O Governo procurava
ampliar a base de apoio através da propaganda política, arma muito importante
num regime que se volta para as massas. É preciso lembrar que o regime nazista
transformou-a num dos pilares do poder. O ministro Joseph Goebbels criou uma
máquina de propaganda que serviu de modelo para vários governos em busca das
massas como base de sustentação de suas políticas” (CAPELATO, 2003: 123).
Conseguinte para iniciar uma analise
sobre a integração da população, contexto da Segunda Guerra é interessante visitar
os textos do historiador militar John Keegan, 1995, onde apresenta que as guerras, dependem muito
de uma construção cultural e imaginária, que permeiam o cotidiano do soldado,
verificando-se que o motivo que eleva sua capacidade combativa, ultrapassa a
necessidade pecuniária, e suas razões não podem ser comparadas a dos chefes de
Estado. Desta maneira o governo brasileiro por meio de seu controle dos meios
de comunicação fez difundir o ideário de invasão e necessidade de defender a
pátria agredida, discurso que se tornou uma política de risco, pois passou a
ser repetido por intelectuais que viam aí uma possibilidade de protestar e
criticar o próprio Estado Novo, como sugere Consuelo Novais Sampaio.
Desta maneira o regime ditatorial já contava com um número considerável
de opositores quando em vinte dois de agosto de 1942, o Estado Novo declarou
guerra à Alemanha e Itália. O Brasil estava envolvido em um complexo jogo de
interesses e a decisão oficial da entrada do Brasil na Guerra foi o afundamento
do navio cargueiro Baependi aos quinze dias do mês de agosto de 1942. Começava
então a saga de lavradores, comerciantes, confeiteiros, alfaiates… enfim jovens
rapazes que compuseram a Força Expedicionária do Brasil, na Segunda Guerra
Mundial.
[1]
Indivíduos que mostravam estar a par dos acontecimentos que abalavam a Europa.
Não eram a favor dos Aliados, nem tão pouco dos países do Eixo. Apoiavam a
neutralidade assumida pelo governo brasileiro.
[2] Condição
permanente de explorar as oportunidades criadas pela competição entre Alemanha
e os Estados Unidos da América.
[3] A
expressão originou-se na Guerra Civil Espanhola (1936), servindo para designar
os anti-republicanos que vivia em Madri, simpatizantes das quatro colunas
franqueadas que marchavam sobre a cidade. Em Ilhéus este termo designava simpatizantes
do Partido Integralista (extinto por Vargas) e que era no contexto da guerra os
“anti-republicanos” do Brasil.
[4] Posição
estratégica do litoral no Atlântico Sul, desde o Brasil Colônia (Mascarenhas de
Morais, 1984)
[5] Não
podemos afirmar fieis a Vargas, pois os militares seguiam uma lógica própria de
estruturação de sua instituição, que no momento estava sendo beneficiada com o
Estado Novo
[7]
Estado de Guerra: trata-se das articulações sócio-políticos e militar, visando
a mobilização de todos os setores da sociedade em apoio as manobras de guerra.
São ações psicológicas que visam nortear todos os seguimentos sociais em função
da guerra, visando a legitimidade às operações que for desencadeadas para
garantir a soberania da nação.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Esquema para Estudo: República de 1945 a 1985.
A
REPÚBLICA LIBERAL - POPULISTA (1946 – 1964):
Eurico Dutra – PSD (1946 – 1951):
ü Eleito com o
apoio do PTB e de Getúlio Vargas: “Ele disse: para presidente vote Dutra”.
ü Constituição de
1946:
Quinta constituição do Brasil e quarta
da República;
Ø Promulgada;
Ø República
Federativa;
Ø Presidencialismo
(com mandato presidencial de cinco anos);
Ø Independência
entre os três Poderes;
Ø Autonomia
estadual e municipal;
Ø Voto universal e
obrigatório para alfabetizados maiores de 18 anos;
Ø Votação para
Presidente e Vice-Presidente;
¡
Liberal e redemocratizante.
ü Alinhamento do
Brasil aos EUA no contexto da Guerra Fria (Imperialismo Cultural);
ü Rompimento das
Relações Diplomáticas com a URSS;
Fechamento do PCB;
ü Os políticos do
PCB são cassados;
ü Aumento das
importações e Déficit Comercial;
ü Aumento do custo
de vida;
ü Proibição de
greves e intervenção em sindicatos;
ü Plano Salte (saúde,
alimentos, transporte e energia);
Pavimentação
asfáltica Rio-São Paulo (Via Dutra).
ü Proibição do
jogo do bicho e fechamento dos cassinos;
Getúlio Vargas – PTB (1951 – 1954):
Política econômica nacionalista e
intervencionista.
ü Plano Lafer
(Horácio Lafer): estímulo a industria de base (Plano Qüinqüenal);
ü Criação do BNDE
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico);
ü Campanha “O
petróleo é nosso”, com o apoio de Monteiro Lobato , que culminou em 1953
com a criação da Petrobrás;
ü Aumento de 100%
do salário mínimo, concedido pelo Ministro do Trabalho João Goulart;
ü Empresários
nacionais, associados ao capitais internacionais, financiaram a oposição ao
governo através da UDN e do seu líder e governador da Guanabara Carlos Lacerda
(dono da Tribuna da Imprensa);
ü Atentado a Carlos
Lacerda (Rua Toneleros, Copacabana no Rio de Janeiro);
ü Suicídio de
Getúlio Vargas (24 de agosto de 1954). Carta Testamento: “...saio da vida
para entrar na História.”;
ü Carlos Lacerda
foge para Portugal;
ü Assumem: Café
Filho (vice-presidente), Carlos Luz (presidente da Câmara dos Deputados) e
Nereu Ramos (presidente do Senado).
Ø Tentativa de
golpe dos udenistas (com o apoio de Carlos Luz), que tentam
impedir a posse de JK e Jango, acusando-os de “comunistas”e não terem
conseguido a maioria absoluta de votos, com o apoio de oficiais da Aeronáutica
sediados em Samtarém (PA). A tentativa de golpe foi desarticulada pelo general
Henrique Teixeira Lot (Ministro da Guerra).
Juscelino Kubitschek – PSD (1955 – 1961):
ü JK o presidente Bossa
Nova”;
ü Anistia aos
envolvidos ns tentativa de golpe;
ü Plano de Metas: “50 anos de
desenvolvimento em 5 de governo”;
Interiorização do desenvolvimento. Empréstimos e investimentos
estrangeiros.
O
Plano de Metas previa investimentos em: energia, transporte,
alimentação industria de base e educação.
ü Política
econômica modernizadora e desnacionalizadora, criticava os
oposicionistas;
ü Construção de
Brasília (Oscar Niemeyer e Lúcio Costa), construída pelos candangos;
ü Instalação de
industrias de bens duráveis, principalmente multinacionais automobilísticas;
ü No final do
governo JK, o país teve um aumento considerável da dívida externa
e da inflação (superinflação), o que provocou o aumento do custo de
vida e poder aquisitivo do salário mínimo caiu consideravelmente;
ü Criação da
SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste);
ü Concentração de
industrias em SP, Rio e MG.
ü Início do
processo de sucateamento das ferrovias brasileiras, pois o governo
federal passou a investir somente em rodovias, satisfazendo os interesse das
multinacionais automobilísticas;
ü O aumento da
inflação do custo de vida e da dívida externa, levou o governo a romper com
o FMI e a decretar moratória.
Jânio Quadros – PTN (1961):
ü Eleito com o
apoio da UDN: “Jânio Quadros é a UDN de porre!”;
ü Teve como símbolo
de campanha a “vassourinha” que varreria a corrupção da administração
pública;
ü Adoção do câmbio
flutuante;
ü Manteve uma
política externa independente:
Ø Reatou relações
diplomáticas com a URSS e China Popular.
Ø Condecorou o ministro
cubano, o médico argentino e líder revolucionário de esquerda, Ernesto “Che”
Guevara, com a comenda da Ordem do Cruzeiro do Sul.
ü A UDN rompe com
o Governo e Carlos Lacerda, em rede de TV, acusa Jânio de abrir as portas do
Brasil ao “comunismo internacional”;
ü Sem apoio Jânio
Quadros renuncia(26 de Agosto de 1961): “...forças terríveis levantaram-se
contra mim e me intrigam ou infamam... A mim não falta a coragem da renúncia.”
Ø Com a renúncia
de Jânio, deveria assumir o vice-presidente. Jango estava em visita
oficial a China Popular e era considerado pelos grupos reacionários,
simpatizante do comunismo. Setores ligados ao grande capital nacional e
internacional, com o apoio de parte das Forças Armadas tentaram impedir a posse
de Goulart, quando eclodiu em Porto Alegre, depois se espalhando pelo RS e
Brasil, o Movimento da Legalidade, liderado pelo governador Leonel
Brizola (com o apoio do III Exército), que exigia o cumprimento da constituição
e a posse de João Goulart.
João Goulart – PTB (1961 - 1964):
ü Adoção do
sistema Parlamentarista, que deveria ser referendado por um plebiscito,
tendo como Primeiro Ministro Tancredo Neves;
ü Realização do plebiscito
(6 de janeiro de 1963): de um total de 12 milhões de votos, quase 10
milhões de cidadãos votaram contra o parlamentarismo;
ü Governo
nacionalista e política externa independente;
Plano Trienal de Desenvolvimento
Econômico e Social:
Ø Buscar melhor
distribuição das riquezas, atacando os latifúndios improdutivos.
Ø Encampar as
refinarias particulares de petróleo.
Ø Reduzir a dívida
externa brasileira.
Diminuir a inflação, mantendo o
crescimento econômico.
ü Comício da
Central do Brasil no Rio de Janeiro (com a presença de 300 mil pessoas). Jango
anuncia um conjunto de medidas denominadas de Reformas de Base:
Ø Reforma Agrária;
Ø Reforma Urbana;
Ø Reforma
Educacional;
Ø Reforma
Eleitoral;
Ø Reforma
Tributária.
ü Lei de remessas
de lucro para o exterior.
Os
trabalhadores começaram greves para pressionar os deputados e senadores a
aprovarem as reformas, as classes dominantes, em oposição, organizavam ,em
várias cidades, as Marchas com Deus pela Liberdade, em São Paulo a
Marcha teve como uma de suas líderes a socialite Hebe Camargo.
Em
31 de março de 1964 começou o Golpe Militar em MG (gal Olímpio Mourão
Filho, apoiado pelo governador Magalhães Pinto), que recebeu a adesão de
unidades no RS, SP e GB. Em 1 de abril Jango deixou Brasília e rumou para Porto
Alegre, onde Brizola, com o apoio da BM, tentou convencê-lo inutilmente a
resistir, ambos fugiram para o Uruguai.
Ø
O Golpe Militar no Brasil contou com o apoio dos EUA
(Operação Brother Sam).
A DITADURA MILITAR (1964 – 1985)
Com a deposição
de João Goulart, assumiu a presidência Ranieri Mazzilli (presidente da
Câmara dos Deputados). Em 9 de abril de 1964 foi decretado o AI-1
(Ato Institucional n° 1) que estabelecia eleições indiretas para o próximo
Presidente da República e dava ao Executivo Federal, durante seis meses,
poderes para cassar mandatos, suspender direitos políticos, modificar a
constituição e decretar o estado de sítio.
No
dia 10 de abril, pressionado, o Congresso Nacional elegeu o marechal Humberto
de Alencar Castelo Branco, que assumiu a presidência no dia 15 do mesmo mês.
v
Castelo
Branco (1964 – 1967):
ü Revogou a lei de
remessas de lucro para o exterior;
ü Rompimento das
relações diplomáticas com Cuba;
ü Adoção do Paeg
(Programa de Ação Econômica do Governo):
Ø Roberto Campos
(Min do Planejamento) e Otávio Gouveia Bulhões (Min da Fazenda).
Ø Combate à
inflação.
Ø Redução dos
salários.
Ø Favorecimento da
entrada no país de capital estrangeiro.
Ø Fim da estabilidade
no emprego e criação do FGTS.
Ø Criação do
SNI (Serviço Nacional de Informação) sob comando do general Golbery do
Couto e Silva;
Ø AI-2:estabelecimento
do bipartidarismo, a Arena (Aliança Renovadora Nacional) de situação, e
o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) de oposição consentida e
controlada;
Ø Lei de Segurança
Nacional;
Ø Criação do BNH –
Banco Nacional de Habitação (Cohab);
Ø Criação do Banco
Central do Brasil;
Ø AI-3: estabelecendo
que os governadores dos estados seriam indicados pelo Presidente da República
para aprovação das Assembléias
Legislativas, esses indicariam os prefeitos das capitais e cidades de segurança
nacional;
Ø AI-4:Constituição de
1967 que garantia o controle do Legislativo e Judiciário pelo Executivo e
estabelecia o Decurso de Prazo;
Ø Criação da Frente
Única em Montevidéu - para fazer oposição a ditadura - por João Goulart,
Juscelino Kubtischek e Carlos Lacerda.
v
Costa
e Silva (1967 – 1969):
ü Criação do INPS
(Instituto Nacional de Previdência Social);
ü Passeata dos 100
mil no Rio e greves em Osasco (SP) e Contagem (MG) contra a ditadura;
ü Contestação ao
regime ditatorial, surgem a ALN (Carlos Marighela), o PCBR, VPR
(Carlos Lamarca) e o MR-8;
ü Início do Milagre
Econômico;
ü AI-5: dava ao
presidente o poder de legislar, colocava o Congresso Nacional, as Assembleias:
Legislativas e as Câmaras Municipais, em recesso suspendia direitos políticos e
as garantias individuais, suspendia as imunidades da magistratura e decretava
estado de sítio por tempo indeterminado. Foi a resposta dos militares aos movimentos
de oposição, armados ou não;
ü Sequestro do
Cônsul dos EUA (Charles Elbrick) na Cidade do Rio por membros da ALN e do MR-8.
O PCB, seguindo orientações de Moscou,
rejeitava a hipótese de luta armada contra o regime militar.
A Junta Militar que substituiu Costa e
Silva instituiu a Emenda Constitucional nº 1, que modificou a
Constituição de 1967, dando mais poderes ao Executivo.
v
Garrastazu
Médici (1969 – 1974):
ü Auge da Ditadura, com a
aplicação do AI-5;
ü Atuação do Doi-Codi
(Destacamento de Operações de Informação e Centro de Operações de Defesa
Interna);
ü Guerrilha do
Araguaia por membros do PC do B;
ü Criação do
PIS (Programa de Integração Social);
ü Auge do
Milagre Econômico Brasileiro (Ministro Delfim Netto);
ü Ufanismo
Nacionalista:
“Brasil, ame-o ou deixe-o”, Ninguém segura este país”, “Brasil, conte comigo” e
“Pra frente Brasil”;
ü Construção de obras
faraônicas (I PND): INCRA, Mobral, Ponte Rio-Niterói e Transamazônica.
v
Ernesto Geisel (1974 – 1979):
ü Distensão
Política, início do processo de abertura política: “Lenta, gradual
e segura”. E. Geisel.
ü Efeitos da crise
do petróleo (1973 e 1975), início da decadência do Milagre Econômico.
ü Aumento dos
juros no mercado internacional.
ü II PND (Plano Nacional
de Desenvolvimento): substituição de importações – petróleo, aço, alumínio e
fertilizantes – e bens de capital – máquinas e ferramentas.
ü Proálcool e assinatura
com a Alemanha Ocidental de um Acordo Nuclear (usinas de Angra dos
Reis);
ü Eleições
Legislativas de 1974, com grande crescimento do MDB;
ü Lei Falcão: restringia a
propaganda política nos meios de comunicação;
ü Pacote de Abril: mandato
presidencial de seis anos, senadores biônicos, manteve a eleição indireta para
governadores e os deputados federais seriam proporcionais a população dos
estados e não mais ao número de eleitores.
ü Morte do
jornalista Wladimir Herzog nas dependências do Doi-Codi em São Paulo;
ü Intensifica-se o
movimento da sociedade civil em favor da recuperação dos direitos
democráticos, sob liderança da ABI e OAB;
ü Greves dos metalúrgicos
em 1978 e 1979 no ABCD Paulista, lideradas por Luís Inácio “Lula” da
Silva;
ü Revogação do AI-5.
Na cultura destacou-se, em oposição a
ditadura, a Tropicália (Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa), Chico
Buarque (A Ópera do Malandro), o Cinema Novo (Glauber Rocha) e Augusto
Boal (Show Opinião no Teatro de Arena no Rio), principalmente.
v
João
Figueiredo (1979 – 1985):
ü Lei da Anistia, ampla geral e
irrestrita (exceto os envolvidos em terrorismo e luta armada);
ü Surgimento da CUT
(SP) e do MST (RS);
ü Fim do
bipartidarismo e instituição do pluripartidarismo:
Ø PDS (tendo como
presidente José Sarney) em substituição a Arena - 1980;
Ø PMDB, PDT, PTB,
surgem do MDB – 1980;
Ø O PT,
criado em 1979, recebe o seu registro em 1982.
ü Reação da “Linha
Dura” contra a Abertura Política – atentado do Riocentro,
pacote-bomba nas sedes da ABI e OAB;
ü Crise do Milagre
Econômico:
desvalorização do Cruzeiro,achatamento do salário mínimo, aumento do custo de
vida e do desemprego e superinflação;
ü Eleições Gerais (com voto
vinculado) em 1982, exceto Presidente da República, o PMDB elege os
governadores dos estados mais importantes, exceto do RS onde é eleito Jair
Soares do PDS;
ü Crise da dívida
externa, o país recorre ao FMI;
ü Campanha das
“Diretas Já” (Emenda Dante de Oliveira / PMDB – MT), que é rejeitada pelo
Congresso Nacional (1984);
ü Eleições
indiretas para
a Presidência da República: